quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Tolos

A ignorância conveniente é repudiável. Mas triste mesmo é o sábio que se acha sábio. E esta não é uma espécie rara, muito menos em extinção. Também não é nova. Há muito, muito tempo, Sócrates já identificara sujeitos que alimentam seus egos com a própria inteligência. Triste vaidade. Certamente, um bloqueio para o desfruto de pequenas, porém maravilhosas, peculiaridades que o mundo nos propõe. Peculiaridades que só podem ser desvendadas com uma honesta confissão: nada sabemos. Nem saberemos. Nem com muita força de vontade.

Não significa que não é impossível avançar intelectualmente. A vontade de aprender sempre nos leva a algum lugar, muito embora este possa não ser o mais adequado. O importante é tentar e, principalmente, universalizar a mente. A individualização resulta apenas em soberba interior. Esta, invariavelmente, amarga o sabor da arte. Assim, a mente passa a trabalhar unicamente a serviço do poder e da superioridade. As possibilidades diminuem. As cores se acinzentam. E os sons se esvaem.

Mas o indivíduo em questão, com toda sua pompa e garbo, continua sendo superior, altivo, seletivo. É, além de tudo, um falso educador. Chicoteia sua sabedoria naqueles que pouco ou menos sabem, como se o fato de serem menos instruídas constituísse um desvio moral. E pior: se acham no dever de desmoralizá-las, simplesmente por se enxergarem seres superiores. Um falso esclarecimento que leva nada a lugar algum.
O lacre mental, além de indicar desvio de caráter, veda o aprendizado e bloqueia a comunicação.

Enquanto isso, sabe-se que, em realidade, todos os indivíduos têm sempre algo a ensinar. Achar-se conhecedor de tudo é o mesmo que não querer conhecer nada. A História não muda. Foi assim há milhares de anos. Continua sendo. E, infelizmente, sempre será...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Diogo Reis: "Besteirólogos do mundo, uni-vos!”

Após o sucesso da revolucionária teoria sobre “fila de banco”, publicada no post anterior, o besteirólogo Diogo Reis deu nova entrevista especial ao blog Chinelada no Marisco. Desta vez, o chefão das besteiras – como ficou conhecido no sul da Malásia - faz uma análise rápida e elegante da crise política no Senado Federal. E, como não poderia deixar de ser, cria polêmica ao declarar que não existe mais o conceito de “dinheiro público”. Com mais de 18 anos exercendo a besteirologia, Diogo ainda revela os bastidores de seu batente, lamenta o preconceito sofrido durante toda a carreira e, por fim, faz uma convocação utilizando o famoso slogan político de Marx e Engels: “- Besteirólogos do mundo, uni-vos!”.

Chinelada no Marisco – A teoria sobre a “fila de banco” repercutiu bastante. Qual seria o motivo?

Diogo Reis – Isso acontece com todo assunto polêmico. Aliás, essa é minha especialidade. Mas eu faço isso com a arte de falar besteiras, mas que não necessariamente inverdades. A besteira é necessária para o entendimento da vida e de suas peculiaridades, como a “fila do banco”. O olhar da besteira muda a dinâmica usual e se afasta do estrabismo do senso comum.

Chinelada no Marisco – E como a besteirologia se posiciona frente à crise política no Senado?

Diogo Reis – A questão é simples. Primeiramente, deveremos ter ciência de que o indivíduo político não é um ser comum. Por isso, não pode ser estudado com os mesmos parâmetros que se estudaria um ser humano qualquer. O político é dotado de “esquisitisses” e artimanhas que desafiam o poder da física psicológica, desenvolvida por mim mesmo. Para este ser, o ato de roubar é o mesmo que, para um homem comum, bolinar uma mulher ou, para estas, sentirem-se prontas para um brutal ato sexual. Roubar passa a ser orgásmico, porque o os hormômios sexuais dessas pessoas passam por mutações estranhas que os deixam com graves seqüelas. Tudo misso foi estudado por um colega meu, cujo nome esqueci, mas que é doutorando em Hogwarts.

Chinelada no Marisco – Então, se esses indivíduos fossem retirados do poder, significa que a corrupção terá fim?

Diogo Reis – Ouso dizer que isso é totalmente impossível. Como você pode observar durante toda a história, a política sempre foi fétida. Isso ocorre porque o político é uma raça que evoluiu incrivelmente. Cada geração que aparece consegue se adaptar melhor ao seu ambiente natural, o ambiente de trabalho do poder. A seleção natural é tão devastadora que só permanecem os mais canalhas, malandros, gananciosos e, o pior, inteligentes – mesmo que seja para o mal. Mudar essa estrutura histórica seria incrivelmente complicado.

Chinelada no Marisco – Isso significa que o dinheiro público continuará servindo para fins ilícitos?

Diogo Reis – Sim senhor. E PT saudações... Só que devemos fazer uma pergunta necessária: o que é dinheiro público? Todos nós pagamos impostos: eu, você e a mulher ali da esquina. Mas esse dinheiro não nos pertence. Jamais nos pertenceu. Desde que a desgraçada da Eva comeu a maçã proibida, o roubo e a desonestidade passaram a ser elementos intrínsecos à alma humana. Como punição, recebemos um ônus quando nascemos, que é justamente reservar uma quantia certa para a bandalha. Na verdade, esse estudo faz parte de uma nova teoria em que estou trabalhando: “Impostos e a Verdade Sobre o Lado B da Alma Humana, Segundo Estudos Estatísticos Com Base Na Teologia”.

Chinelada no Marisco – Como tem sido o exercício da profissão nos últimos anos? E qual a expectativa para os que se seguem?

Diogo Reis – Olhe, meu caro… Tem sido muito difícil, entende, muito difícil. Algumas pessoas de mente pouco aguçada e de espírito frágil simplesmente se negam a entender a arte pura e simples do besteirol. Pois bem, caro colega… Não ligo que não concordem com meus pensamentos, apesar de ter certeza que todos são refinados e apurados com toda a vontade de minh’alma. Mas não aceito que indivíduos me açoitem e me agridam simplesmente por isso. Isso me magoa, me magoa profundamente, mas não vou desistir. Estendo a bandeira da besteirologia até o último momento. E acredito que, no final, vamos mostrar que, afinal, servimos para alguma coisa, poxa. Besteirólogos do mundo, uni-vos!

domingo, 23 de agosto de 2009

"Fila do banco" divide opiniões

Uma expressão como "fila de banco" vem recentemente sendo usada para caracterizar um comportamento massivo. Do conhecido besteirólogo, Diogo Reis, a Teoria da Fila do Banco trabalha na vertente de pensamento que acredita que a procissão com o objetivo de atualizar documentos ou realizar transações financeiras bem específicas é um hábito rotineiro e de massa. Momento em que se encontram diversas pessoas semelhantes. Algo que se assemelha com algumas cenas de clipes como "Another Breaking The Wall" da banda rock progressivo Pink Floyd ou até "The Real Slim Shady" do rapper Eminem, esteticamente, apenas.

Numa fila de banco pessoas não são doutrinadas para pensar igualmente, por mais que os pensamentos, naquela hora, – ou pelo menos os objetivos – sejam comuns. Diogo Reis afirma que "uma pessoa pertence, socialmente, a uma fila de banco, então, quando ela passa a ser um indivíduo conjuntivo em determinado contexto". Mesmo tendo para si que que a normalidade é uma coisa altaente relativa tal como a relevância das coisas, a teoria pode ser uma importante ferramenta de identificação social, visto que pessoas buscam isso constantemente, enquanto atingem a real maturidade. Polêmico como sempre, o besteirólogo não teve uma unanimidade quanto à aceitação da teoria.

Abordada pela equipe de reportagem do Chinelada no Marisco, algumas pessoas corroboram com a não unanimidade da teoria:

– Ela é muito boa, realmente. Não a vejo com maus olhos porque ela apesar de rotular pessoas, ela não preconceitua nem deprecia ninguém – opiniou Thainá Leite, estudante, 17 anos, moradora do Rio de Janeiro.

– Eu achei interessante, mas é contestável. Numa fila de banco não se encontram apenas pessoas rotineiras. Sei que muitas pessoas ali podem surpreender – policicamentebabacou Elissa Oliveira, estudante de jornalismo, 18 anos, de Cabo Frio.

Por fim, quem fala sobre a divisão de opiniões é o próprio besteirólogo Diogo Reis:

– Uma teoria é apresentada como explicação de algum fenômeno. Todas são contestáveis e passíveis de serem superadas, algumas tendem a serem leis, já outras são derrubadas. Dividir opinião é bom, enriquece os assunstos, toda unanimidade é burra (Nelson Rodrigues). O importante é contribuir para o entendimento e, no meu caso, o conhecimento e interação social de maneira espontânea e extra-acadêmica é importantíssimo. Afinal, sobrevivemos de trabalho e estudo, mas a vida está nos prazeres que buscamos saciar ao decorrer dos dias.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Para não dizer que não falei das flores...

Para leitores virtuais pode não causar tanto impacto, mas, para mim, que trabalho num jornal diário e me deparo sempre com artigos, já perdi a conta de quantas vezes já vi os tais "articuladores", "colaboradores", "colunistas" – chamem como quiser – entitularem seus artigos dessa forma, parece que todos esquecem sempre de algo que creem ser importante ou pertinentes a serem publicadas, como um blogueiro. Privilégio de alguns que domam à força a prepotência intelectual ou que meramente querem palavras lidas como prece e repetidas com fervor, mas, enfim, respeito. Hoje quase todos somos blogueiros, orkuteiros, twitteiros, facebookeiros e qualquer eiro que vier por ái, então, mais uma vez, vemos nossa semelhança. Aonde quero chegar? Estigmas.

Meu caminho louco para chegar na essência de nossa falha que, talvez, seja a mais comum: estigmatizar. Atitude essa que pode gerar inúmeras reações, bônus e ônus. Alguns ficam presos aos piercings, às músicas, às grifes, aos lugares e às atitudes... Imbecilidade. Sempre podemos descrever as pessoas a nossa volta e vice-versa. Sorrisos, ironias, brincadeiras, desabafos, frases de efeito... quem você é?

Você eu não sei muito bem, nem tão pouco de mim, mas te digo e surpreendo, falando de amor e saudade. Vivemos todos os dias nostalgias do nosso ócio. Deitamo-nos em nossos colchões surrados para descansar a mente, quando temos vivas as saudades e vontades rimando no mesmo verso, controverso e cheio do mais do mesmo, um belo clichê de vida. Tão simples achar que teu semelhante é capaz apenas disso ou aquilo, quando ele é tão tudo e muito quando e quanto você é.

Estupidez, carinho, amor, sensação de ódio, cansaço, hiperatividade, saudade, vontade, desejo, bocejo, delicadeza, desvelo, destreza ou desjeito não são necessariamente sinônimos, antônimos ou oxímoros. Apenas são temperos salpicados da nossa vida chinelada, tão estigmatizada, esquecida e limitada. E, para dizer que não falei das flores, será que foi visto o quanto eu amo, amei e vou amar? Realmente, não sou bom em te dar flores, "elas secam e caem ao chão".

Adeus.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Chinelei-me


Antes de tudo, peço perdão. Foram quase dois meses sem vir aqui dar uma chinelada. Estive ausente. Distante. Cambaleando pelos cantos. Tendo idéias para cá me apresentar e destilar algum veneno. Mas me abstive por um momento. Preferi observar. Observar o mundo. Observar as pessoas. Observar as filosofias alheias. Observar o canto do passarinho, a tese de um amigo na mesa do bar e as tendências da juventude. E, por fim, me observar, claro. Não deve ser surpresa que todo este pensamento me levou a uma única e mórbida conclusão: sou um idiota.
É, sou sim. E saber isso é um grande alívio. Tudo é incompreensível: a mentira alheia que corrói, o roubo que mata, a falsidade que oprime e a hipocrisia que enriquece as almas pobres. Resta a um pensador vagabundo questionar: por quê? A dúvida é eterna e se eternaliza na idiotice de pessoas como eu, pobres idiotas. Por isso, a chinelada precisou esperar. Estava em meio a uma convulsão de saberes. O que era certo ou errado? O que leva alguém ali do lado a ser tão filho da rameira desvairada? Sou um caçador de perguntas sem respostas, uma mente desolada... O mapa não tem tesouro. O arquê não existe. As dúvidas sempre permanecerão sem respostas; os que buscam resolvê-las, idiotas. Sou idiota, sou sim. Com muito orgulho, porque não abaixo a cabeça para o meu próprio comodismo existencial. O inimigo está aqui dentro. Os fantasmas são internos. A escuridão sempre oferecerá perigo...
Tendo constatado isso e um pouco mais, volto a escrever aqui as minhas linhas desajeitadas. Já era hora, pois o amigo Shark já estava torrando a paciência com as cobranças de participação. Neste momento, ele já deve estar louco para dar uns socos no teclado – ele digita dando pancadas no pobre objeto – para continuar o ritual chinelatório. É isso aí, então. Voltei para ficar. Só não sei até quando. Brincadeirinha... Beijos e abraços. Ah, desenho ali de cima por Ralph Richter. Fui.

Rodrigo Cabral

sexta-feira, 3 de julho de 2009

C O M U N I C A D O

Venho aqui por meio deste comunicado publicar oficialmente que o senho Rodrigo Cabral, RG: xxx.xxx.xxx-xx (não vou contar, né, bobinho! e nem vou repetir a piada com o cpf!), está sendo multado por negligência às responsabilidades jornalísticas. Tendo em visto a não publicação do artigo semanal no jornal Folha dos Lagos e a extensa ausência no blog http://chinaladanomarisco.blogspot.com/ deverá honrar, pelo menos, o ônus de me bancar no Portinho Bohemio, hoje, a partir das 23h, que acontece à beira do Canal do Itajuru, em frente ao condomínio Casagrande. Lá vai rolar um arrastapé supimpa, muita cerveja, gente bonita (sim, não é frase clichê, última vez que eu fui tinha "váriar mulé!") e os amigos que estão offline no msn de vocês.

Torno assim oficial e dou fé


Diogo Luiz Mesquita dos Reis

Cabo Frio, 3 junho de 2009.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Michael Jackson

O mundo inteiro fala nele, ou melhor, na morte dele. No site de busca Google, existem, agora, cerca de 70mi de referências ao nome do king of pop. Assisto, agora, à edição especial na Globo, e penso: graças a Deus me enquadro no segmento que o Jornal da Globo (JG) e Programa do Jô aingem. Vi uma bela abordagem sobre a vida do astro. De maneira que foge aos padrões globais. Lembrando da morte do Brizola e da linha que o canal segue, surpreendo-me, mas quando penso na maior relevância quanto ao interesse da audiência e a facilidade de lidar com o assunto, não fez mais do que a obrigação. O que fica notável é a eficiência do imediatismo. Mas o público ou cultua demais ou se averte, dois segmentos complementares da irracionalidade humana. E depois botam a culpa nos meios e veículos de comunicação.

Por fim, fizeram um ótimo trabalho, mostrando pontos e contrapontos. Até – permitam-me o termpo – cagarem no pau desrespeitando Bob Marley com uma interpretação babilônica de uma das vidas mais respeitosas que eu já tomei conhecimento... Assim, com um ligeiro ar de decepção, eu me despeço...


Tchau!
Boa noite.