segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Diogo Reis: "Besteirólogos do mundo, uni-vos!”

Após o sucesso da revolucionária teoria sobre “fila de banco”, publicada no post anterior, o besteirólogo Diogo Reis deu nova entrevista especial ao blog Chinelada no Marisco. Desta vez, o chefão das besteiras – como ficou conhecido no sul da Malásia - faz uma análise rápida e elegante da crise política no Senado Federal. E, como não poderia deixar de ser, cria polêmica ao declarar que não existe mais o conceito de “dinheiro público”. Com mais de 18 anos exercendo a besteirologia, Diogo ainda revela os bastidores de seu batente, lamenta o preconceito sofrido durante toda a carreira e, por fim, faz uma convocação utilizando o famoso slogan político de Marx e Engels: “- Besteirólogos do mundo, uni-vos!”.

Chinelada no Marisco – A teoria sobre a “fila de banco” repercutiu bastante. Qual seria o motivo?

Diogo Reis – Isso acontece com todo assunto polêmico. Aliás, essa é minha especialidade. Mas eu faço isso com a arte de falar besteiras, mas que não necessariamente inverdades. A besteira é necessária para o entendimento da vida e de suas peculiaridades, como a “fila do banco”. O olhar da besteira muda a dinâmica usual e se afasta do estrabismo do senso comum.

Chinelada no Marisco – E como a besteirologia se posiciona frente à crise política no Senado?

Diogo Reis – A questão é simples. Primeiramente, deveremos ter ciência de que o indivíduo político não é um ser comum. Por isso, não pode ser estudado com os mesmos parâmetros que se estudaria um ser humano qualquer. O político é dotado de “esquisitisses” e artimanhas que desafiam o poder da física psicológica, desenvolvida por mim mesmo. Para este ser, o ato de roubar é o mesmo que, para um homem comum, bolinar uma mulher ou, para estas, sentirem-se prontas para um brutal ato sexual. Roubar passa a ser orgásmico, porque o os hormômios sexuais dessas pessoas passam por mutações estranhas que os deixam com graves seqüelas. Tudo misso foi estudado por um colega meu, cujo nome esqueci, mas que é doutorando em Hogwarts.

Chinelada no Marisco – Então, se esses indivíduos fossem retirados do poder, significa que a corrupção terá fim?

Diogo Reis – Ouso dizer que isso é totalmente impossível. Como você pode observar durante toda a história, a política sempre foi fétida. Isso ocorre porque o político é uma raça que evoluiu incrivelmente. Cada geração que aparece consegue se adaptar melhor ao seu ambiente natural, o ambiente de trabalho do poder. A seleção natural é tão devastadora que só permanecem os mais canalhas, malandros, gananciosos e, o pior, inteligentes – mesmo que seja para o mal. Mudar essa estrutura histórica seria incrivelmente complicado.

Chinelada no Marisco – Isso significa que o dinheiro público continuará servindo para fins ilícitos?

Diogo Reis – Sim senhor. E PT saudações... Só que devemos fazer uma pergunta necessária: o que é dinheiro público? Todos nós pagamos impostos: eu, você e a mulher ali da esquina. Mas esse dinheiro não nos pertence. Jamais nos pertenceu. Desde que a desgraçada da Eva comeu a maçã proibida, o roubo e a desonestidade passaram a ser elementos intrínsecos à alma humana. Como punição, recebemos um ônus quando nascemos, que é justamente reservar uma quantia certa para a bandalha. Na verdade, esse estudo faz parte de uma nova teoria em que estou trabalhando: “Impostos e a Verdade Sobre o Lado B da Alma Humana, Segundo Estudos Estatísticos Com Base Na Teologia”.

Chinelada no Marisco – Como tem sido o exercício da profissão nos últimos anos? E qual a expectativa para os que se seguem?

Diogo Reis – Olhe, meu caro… Tem sido muito difícil, entende, muito difícil. Algumas pessoas de mente pouco aguçada e de espírito frágil simplesmente se negam a entender a arte pura e simples do besteirol. Pois bem, caro colega… Não ligo que não concordem com meus pensamentos, apesar de ter certeza que todos são refinados e apurados com toda a vontade de minh’alma. Mas não aceito que indivíduos me açoitem e me agridam simplesmente por isso. Isso me magoa, me magoa profundamente, mas não vou desistir. Estendo a bandeira da besteirologia até o último momento. E acredito que, no final, vamos mostrar que, afinal, servimos para alguma coisa, poxa. Besteirólogos do mundo, uni-vos!

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